Padrões de Apego e sua influência nos relacionamentos
- Sávio Venâncio
- 1 de mar. de 2024
- 4 min de leitura

A teoria do apego, desenvolvida por John Bowlby, é uma ideia na Psicologia que fala sobre como as pessoas, especialmente as crianças, desenvolvem ligações emocionais com as pessoas importantes em suas vidas, como seus pais ou cuidadores. Essas ligações emocionais são denominadas de "Apego".
Esta teoria sugere que, desde o nascimento, as crianças têm uma necessidade fundamental de se sentir seguras e protegidas. Elas procuram instintivamente figuras de apego, geralmente seus pais, para obter conforto e segurança quando se sentem assustadas, ansiosas ou desconfortáveis. Essa ligação com os pais ou cuidadores é essencial para a sobrevivência e o desenvolvimento saudável da criança.
Há diferentes tipos de apego que as crianças podem desenvolver com base em suas experiências com os pais ou cuidadores. Os principais tipos são:
Apego seguro: Crianças com apego seguro sentem que podem confiar em seus pais para atender às suas necessidades emocionais e físicas. Elas se sentem seguras ao explorar o mundo ao seu redor.
Apego ansioso-ambivalente: Crianças com esse tipo de apego tendem a ficar ansiosas sobre a disponibilidade de seus pais. Elas podem ser mais dependentes e preocupadas, buscando constantemente a atenção e o conforto dos pais.
Apego evitativo: Crianças com apego evitativo podem evitar se apegar muito aos pais e, muitas vezes, tentam ser independentes. Essas crianças geralmente percebem que não podem confiar e depender de seus pais ou cuidadores. Elas podem parecer menos emocionalmente expressivas.
Apego desorganizado: Algumas crianças podem mostrar comportamentos de apego desorganizado, o que significa que têm dificuldade em estabelecer uma estratégia clara de apego. Isso pode ocorrer em situações de estresse extremo (violência física ou psicológica) ou quando os cuidadores são inconsistentes em suas respostas.
A teoria do apego destaca a importância do relacionamento entre pais/cuidadores e crianças no desenvolvimento emocional e social. Ela também influenciou a compreensão de como os adultos formam relacionamentos e lidam com a intimidade ao longo da vida, com base em suas experiências de apego na infância.
Os estilos de apego que as pessoas desenvolvem na infância podem influenciar significativamente seus relacionamentos futuros. Isso ocorre porque os padrões de apego formados na infância tendem a ser internalizados e continuam a moldar a maneira como as pessoas se relacionam com os outros ao longo da vida. São como “lentes” através das quais as pessoas enxergam o mundo e se engajam nos relacionamentos. Algumas possibilidades onde os estilos de apego podem influenciar relacionamentos futuros envolvem:
Relacionamentos românticos: Os estilos de apego podem afetar a maneira como as pessoas se relacionam. Por exemplo, indivíduos com um histórico de apego seguro tendem a ser mais confiantes em relacionamentos, expressam suas necessidades de forma saudável e têm relacionamentos mais estáveis e satisfatórios. Aqueles com um apego ansioso podem ser mais preocupados com a proximidade, buscando constantemente reafirmação e atenção de seus parceiros. Aqueles com um apego evitativo podem ter dificuldade em confiar e em se abrir emocionalmente.
Amizades: Os estilos de apego também podem afetar a forma como as pessoas fazem amizades. Pessoas com um histórico de apego seguro geralmente têm relacionamentos de amizade saudáveis, baseados na confiança e no apoio mútuo. Pessoas com um apego ansioso podem ser mais sensíveis à rejeição e à mudança de humor de seus amigos, enquanto aqueles com um apego evitativo podem ser mais seletivos em relação às pessoas com que se aproximam.
Relações familiares: Os estilos de apego podem influenciar a maneira como as pessoas se relacionam com seus familiares, incluindo pais e irmãos. Isso pode afetar a dinâmica familiar e a comunicação entre os membros da família.
Desenvolvimento emocional: Os estilos de apego também desempenham um papel importante no desenvolvimento emocional das pessoas. Aqueles com um histórico de apego seguro tendem a ter uma base emocional sólida para lidar com o estresse e as adversidades da vida. Por outro lado, os estilos de apego inseguro podem levar a desafios emocionais, como ansiedade, depressão e baixa autoestima.
É importante ressaltar que os estilos de apego não determinam o destino de um indivíduo em termos de relacionamentos, mas eles podem influenciar a forma como as pessoas se aproximam, se comunicam e lidam com conflitos em seus relacionamentos. A conscientização sobre seu estilo de apego e o trabalho para desenvolver um apego mais seguro podem ajudar as pessoas a melhorar seus relacionamentos e a lidar com os desafios que surgem ao longo da vida. Psicoterapia e aconselhamento psicológico podem ser recursos valiosos para ajudar as pessoas a conhecer e modificar seus padrões de apego, se necessário.
Lembre-se sempre de buscar informações em fontes seguras e se consultar com profissionais capacitados para atenderem suas necessidades individuais.

John Bowlby (1907-1990) foi um psiquiatra e psicanalista britânico, amplamente reconhecido como o pioneiro na Teoria do Apego. Ele é mais conhecido por seu trabalho na compreensão das ligações emocionais entre crianças e seus cuidadores, bem como suas implicações para o desenvolvimento humano.
Bowlby desenvolveu sua teoria do apego durante a metade do século XX, baseada em observações clínicas e estudos de campo com crianças, especialmente aquelas que sofreram separações de seus pais durante a Segunda Guerra Mundial. Sua teoria enfatiza a importância do vínculo emocional entre a criança e seu cuidador primário (geralmente a mãe – não necessariamente a biológica), destacando que esse vínculo é fundamental para o desenvolvimento social, emocional e cognitivo saudável da criança.
O trabalho de Bowlby teve um impacto profundo na psicologia e na compreensão do desenvolvimento infantil e das relações interpessoais. Sua teoria serviu de base para a pesquisa subsequente sobre apego, influenciando a psicologia, a psiquiatria, o trabalho social e outras áreas relacionadas ao desenvolvimento humano.