Trauma Transgeracional e Herança Epigenética
- Sávio Venâncio
- 1 de mar. de 2024
- 2 min de leitura

A relação entre epigenética e trauma transgeracional refere-se à ideia de que experiências traumáticas vivenciadas por uma geração podem deixar marcas epigenéticas que são transmitidas para as gerações subsequentes. Esse conceito sugere que as mudanças epigenéticas, como a metilação do DNA e modificações nas histonas, podem ser influenciadas por traumas e estresse significativos e, em seguida, afetar a expressão de genes em descendentes.
Alguns aspectos dessa relação podem incluir:
Transmissão de mudanças epigenéticas: O trauma e o estresse podem causar mudanças epigenéticas nos indivÃduos afetados, afetando a forma como seus genes são regulados. Essas mudanças epigenéticas podem, em teoria, ser transmitidas à s gerações futuras.
Psicologia intrauterina: pesquisas revelam como, já no perÃodo intrauterino, o bebê é capaz de secretar hormônios em resposta aos estados emocionais da mãe. Uma gestação marcada pelo estresse crônico ou emoções negativas (traumas) pode afetar de forma tóxica o feto em desenvolvimento, através dos hormônios que adentram a placenta e interagem com o organismo em formação. Podemos dizer, com base nos estudos, que as vivências emocionais da mãe (com sua consequente carga hormonal) pode influenciar quais genes serão ativados e expressos no bebê (mudanças epigenéticas), organizando o sistema nervoso da criança na mesma direção do da mãe.
Impacto na saúde mental: Acredita-se que o trauma transgeracional possa desempenhar um papel na predisposição para transtornos de saúde mental, como transtorno de estresse pós-traumático (TEPT), depressão e ansiedade, em descendentes. As mudanças epigenéticas podem influenciar a resposta ao estresse e a vulnerabilidade a distúrbios psicológicos.
Estudos em animais e em humanos: Embora haja evidências em animais que apoiam a ideia da transmissão de mudanças epigenéticas associadas ao trauma, as evidências em humanos são mais limitadas e complexas de serem estabelecidas. No entanto, estudos iniciais sugerem a possibilidade de que traumas vivenciados por avós ou pais possam ter efeitos sobre a saúde e o bem-estar de gerações posteriores.
Ambiente e epigenética: Além de traumas diretos, fatores ambientais relacionados ao trauma, como nutrição inadequada, estresse crônico ou exposição a toxinas, também podem influenciar as mudanças epigenéticas e contribuir para a transmissão transgeracional.

Estudos sugerem que fatores emocionais podem influenciar em mudanças no DNA que podem ser herdadas por gerações futuras.
É importante notar que a pesquisa sobre trauma transgeracional e epigenética é um campo complexo e em constante evolução. A relação entre traumas especÃficos, mudanças epigenéticas e os impactos na saúde mental dos descendentes ainda precisa ser mais bem compreendida. No entanto, essa área de estudo oferece perspectivas interessantes sobre como as experiências passadas podem influenciar as gerações futuras não apenas através da herança psicológica, mas também por meio de mudanças epigenéticas.
Quanto mais a Ciência avança, mais o conhecimento nos mostra que Mente e Corpo são dimensões da vida que se influenciam mutuamente, até mesmo através das gerações.